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Mais de duas décadas dedicadas ao diagnóstico e tratamento das patologias do aparelho digestivo.

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Saúde intestinal e Disbiose

O intestino faz parte do Sistema Digestório (ou Digestivo). Há muito tempo ele deixou de ser reconhecido apenas como um órgão de digestão e absorção, para assumir um importante papel imunológico por sua participação na defesa contra as agressões do meio externo.

É um órgão com um “sistema nervoso próprio“, quase como um segundo cérebro, denominado sistema nervoso entérico, com cerca de 100 milhões de neurônios. Ele abriga uma população de aproximadamente 100 trilhões de microrganismos, de mais de 300 espécies, que compõem a microbiota intestinal humana, e a sua composição pode influenciar no processo saúde e doença.

O intestino também é responsável pela produção de diversas substâncias fundamentais que atuam como neurotransmissores. Estudos recentes indicam que até 90% da serotonina, um neurotransmissor relacionado à sensação de bem-estar e felicidade, é produzida no intestino, e levam à conclusão de que, se o intestino funcionar bem, menores serão os riscos de ocorrência de depressão e ansiedade.

O intestino é colonizado por bactérias benéficas e patogênicas, e o equilíbrio entre elas está associado à saúde intestinal. A microbiota intestinal saudável forma uma barreira contra os microrganismos invasores, potencializando os mecanismos de defesa do hospedeiro contra os patógenos, melhorando a imunidade intestinal pela aderência à mucosa e estimulando as respostas imunes locais.

Quando ocorrem fatores que causam desequilíbrio na quantidade destas bactérias com prevalência de bactérias patogênicas, temos o quadro de disbiose intestinal.

Entre as causas de disbiose, destacam-se o estresse psicológico e fisiológico, o uso indiscriminado de antibióticos que matam tanto as bactérias benéficas quanto as nocivas e de antiinflamatórios hormonais e não-hormonais, o uso crônico de laxantes, consumo excessivo de alimentos processados em detrimento de alimentos crus, a excessiva exposição a toxinas ambientais, doenças consumptivas (como câncer e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), e as disfunções hepatopancreáticas.

Considera–se também outros fatores que levam ao estado de disbiose como a idade, o tempo de trânsito e pH intestinal, a disponibilidade de material fermentável, o estado imunológico do hospedeiro e a má digestão.

A disbiose leva à alteração da mucosa intestinal, com consequente aumento da sua permeabilidade e diminuição da seletividade na absorção de toxinas, bactérias, proteínas ou peptídeos. Nesta condição, o paciente apresenta alterações inflamatórias e imunológicas, que acarretam os seguintes sintomas: dor abdominal, constipação, flatulência, diarreia, infecções do trato geniturinário, entre outros. A disbiose é um distúrbio cada vez mais considerado no diagnóstico de várias doenças.

A alimentação influencia de modo direto na composição da microbiota intestinal. O hábito alimentar da população brasileira tem sido modificado em decorrência do atual ritmo de vida, onde cada vez mais se consome menos frutas, verduras e legumes, alimentos estes que apresentam ação protetora da microbiota intestinal.

Entre os alimentos funcionais relacionados à melhora e à manutenção da microbiota estão os probióticos, prebióticos e os simbióticos. O tratamento nutricional para a prevenção e o tratamento da disbiose passa, principalmente, por uma reeducação alimentar, evitando-se o excesso de ingestão das carnes vermelhas, leite e derivados, ovos, açúcar branco, alimentos processados, dentre outros.

Ana Kelly Amaral

Nutrição Clínica e Terapia Nutricional